28 maio, 2009

Med de Loulé 2009 - A Ementa Principal


E mais uma grande notícia! Os dois palcos principais do Med de Loulé - que se realiza mais uma vez em finais de Junho - incluirão concertos de Rabih Abou-Khalil (Líbano) com o fadista Ricardo Ribeiro (Portugal), Moriarty (Estados Unidos) e Bajofondo Tango Club (Argentina/Uruguai), no dia 24; Eneida Marta (Guiné-Bissau), Ojos de Brujo (Catalunha) e Horace Andy & Dub Asante (Jamaica), no dia 25; Donna Maria (Portugal), Orquestra Buena Vista Social Club (Cuba), Pitingo (Espanha) e DJ Click (França), no dia 26; Siba e a Fuloresta (Brasil), Camané (Portugal), Lura (Cabo Verde) e o duo de Justin Adams & Juldeh Camara (Inglaterra/Gâmbia), no dia 27; Kluster - um dos inúmeros projectos de Kimmo Pohjonen (na foto, de Vertti Teräsvuori) - com o Proton String Quartet (Finlândia), Stewart Copeland (o ex-baterista dos Police) com La Notte Della Taranta (Inglaterra/Itália/Grécia) e, finalmente, Rokia Traoré (Mali). De lamentar, apenas, a ausência forçada da cantora argentina Mercedes Sosa, devido a doença. Entretanto, para os sempre activos e cheios de música palcos secundários do Med estão confirmados oficialmente os Mu e Filipa Pais, mas as Crónicas da Terra avançaram já com outros nomes: Son De Nadie, N’Sista, Phillarmonic Weed, Mariária e Oco.

27 maio, 2009

Melech Mechaya - Vem Aí o Álbum de Estreia!


«Budja Ba», o álbum de estreia dos Melech Mechaya está por dias! E, como tive o prazer e a honra de escrever o texto de apresentação do álbum, aqui vai ele, na íntegra:

«Melech Mechaya

1º álbum, «Budja Ba», à venda em Junho. Festa de lançamento no dia 13.

Já ninguém questiona que músicos e cantores portugueses se dediquem ao death-metal, ao drum'n'bass, ao hip-hop, ao jazz ou à música erudita. São géneros conhecidos, alguns mais populares que outros, mas que já não causam surpresa ou estranheza. Mas que raio é que leva cinco rapazes portugueses - e nenhum deles judeu, apesar de Miguel Veríssimo, o clarinetista, achar que teve um tetravô que o era - a escolher o klezmer, um género nascido há centenas de anos nas comunidades judaicas do centro e leste europeu, como a sua música de eleição?

Respostas: primeiro o acaso; e depois uma paixão profunda por esta música antiga e estranha, por eles misturada com outras músicas de que também gostam. O guitarrista André Santos e o violinista João Graça, colegas no Conservatório Nacional, receberam de um professor um livro com temas klezmer, que foram depois incluídos em espectáculos do duo de chorinhos brasileiros que André partilhava com o clarinetista Miguel. E gostaram tanto desses temas - o tradicional «Bulgar de Odessa» ou «Misirlou», tornado mundialmente famoso na versão de Dick Dale - que juntaram mais três amigos para tocar um reportório klezmer completo: João Graça no violino, Francisco Caiado na percussão e João Novais (aka João Sovina) no contrabaixo.

O primeiro ensaio, em Novembro de 2006, correu tão bem que - apesar de cada um deles ter outros projectos musicais e ter uma vida profissional activa (nos MM há um economista, um médico, um arquitecto, um biólogo e um professor de música) - logo se lançaram à aventura dos concertos, uma aventura que já os levou a actuar na Festa do Avante, Festival Etnias (Porto), Festival Andanças, Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), Cabaret Maxime (Lisboa), Allariz e Santiago de Compostela e Festival Músicas do Mundo de Vilagarcía de Arousa (Galiza), Festival Ritmus (Açores), Espaço Celeiros (Évora) ou num concerto em nome próprio no Santiago Alquimista, em Dezembro passado, que esgotou por completo esta sala da Costa do Castelo. Concertos - cerca de 60 em dois anos de existência - que são uma festa pegada, cheios de dança, sorrisos e suor. E, proximamente, os MM actuam no Festival Granitos Folk (Porto, 12 de Junho), no Teatro da Comuna (Lisboa, 13 de Junho, lançamento do disco), no FMM de Sines (25 de Julho) e na Špancirfest (Croácia, 25 de Agosto).

O seu álbum de estreia, «Budja Ba», chega agora, no tempo certo. E nele, os Melech Mechaya - que se dizem tão influenciados pelos seminais Klezmatics como pelos Beatles, o guitarrista Django Reinhardt ou os Masada de John Zorn - partem do klezmer para visitar outras músicas que lhe são próximas: a música dos ciganos dos Balcãs, a música turca e árabe, mas também o jazz manouche, o flamenco, o tango ou o fado. Fado? Ah, pois, afinal sempre há lá uma ligação à música portuguesa, no tema «Fado Tantz». E se calhar ainda há outra, ainda mais subliminar, mais subtil: oiça-se o início de «Dodi Li», um tradicional klezmer, e veja-se como este tema está ligado a «Oi Khodyt Son Kolo Vikon» (uma canção de embalar ucraniana) e este a «Summertime» (de George Gershwin, que ao jazz juntava as suas influências judaicas). O mesmo «Summertime» que foi a inspiração maior de Carlos Paredes para a «Canção Verdes Anos». E há lá coisa mais portuguesa que a «Canção Verdes Anos»?

Entre tradicionais klezmer e originais compostos pelo grupo, «Budja Ba» inclui os temas «Dodi Li», «Fanfarra», «Bulgar de Almada», «Nigun 7», «Dança do Desprazer», «Sweet Father», «(Rad Halaila)», «Budja Ba», «Fado Tantz», «Na Festa do Rabi», «Freylach 6.8», «Hava Nagila», «(Melodia da Rua)», «Cravineiro», «Sabituar» e «Harmónica». Os arranjos e a produção são do próprio grupo, que teve como convidadas em alguns temas as Tucanas (vozes, percussões e acordeão) e as vozes de Noémia Santos, Ana Sousa e Irina Santos. A edição é da Ovação.

As canções de «Budja Ba», uma a uma:

DODI LI
Ouvimos uma versão desta música pelo Freylekh Trio e gostámos muito dela. Fizemos o arranjo, muito simples só com violino e contrabaixo, e passámos a abrir os espectáculos (e agora o disco) com ela.

FANFARRA
A ideia para esta música surgiu durante o concerto da Fanfare Ciocarlia na Festa do Avante em 2007, e foi feita em jeito de homenagem à banda, com ritmo sincopado e melodia ornamentada que costumam caracterizar os Ciocarlia. Funciona quase sempre colada à «Dodi Li» (que lhe serve de introdução).

BULGAR DE ALMADA
Esta música surgiu na altura em que se começou a falar em misturarmos alguns originais com os temas tradicionais que tocamos desde sempre. Os bulgares são danças tradicionais, normalmente com o nome da terra da sua origem. Desta forma, apanhando motivos melódicos comuns em muitos «bulgars» (como o início da melodia) surgiu este tema. Foi composto em Almada, os Melech ensaiam em Almada, então nasceu o Bulgar de Almada. No disco, esta música é como um recreio das percussões, onde graças à interpretação de cinco musas (Tucanas) a música ganha uma nova dimensão.

NIGUN 7
Esta música surgiu inicialmente como uma segunda parte frenética de outra muito calma, chamada «In Law's Dance». No disco usamo-la como «turbilhão», um devaneio curto e rápido que deixa o caos por onde passa e traz vivacidade ao disco.

DANÇA DO DESPRAZER
Um dos momentos mais marcantes dos espectáculos ao vivo, sempre teve um arranjo muito directo e um ritmo muito simples. Sempre nos atraiu a alegria desta música, onde cantamos e gritamos e ao vivo vem sempre gente dançar p'ra cima do palco!

SWEET FATHER
Ao vivo é a música que quebra o gelo, serve para cumprimentar o público e para «apresentar» musicalmente os Melech. É das músicas que mais nos caracteriza, e aparece num sítio do disco em que começam a ser introduzidas mais variações (esta toca no jazz e no reggae) e começa a fechar o ciclo de músicas mais simples e de momentos mais fortes ao vivo.

(RAD HALAILA)
Sempre foi uma canção com uma alegria pateta, que só nos conquistou a todos quando passámos a tocá-la no fim dos concertos em jeito de «é a última, 'bora dançar e ser felizes!». No disco extraímos apenas a melodia e criámos um primeiro ponto de paragem e descanso, um interlúdio com um ritmo ternário bem português e terreno.

BUDJA BA
É uma das originais. O arranjo foi feito no teste de som do concerto em Tomar, enquanto na rua uma cadela girava loucamente com epicentro no pénis de um cão vadio, e logo se tornou o chamamento, o canto de invocação da Budja Ba, a nossa deusa. As vozes femininas surgiram aquando da preparação do concerto do Santiago Alquimista. Gostámos tanto que decidimos pô-las no disco. A música contém então o cântico de evocação da deusa Budja Ba onde se pede ajuda a todos para o levarem mais alto.

FADO TANTZ
A música serve para expressar sentimentos e estados de espirito. Em geral caracterizamo-nos como um grupo alegre e festivo mas no entanto, como tudo na vida, há sempre dias mais sombrios. Foi num desses dias que surgiu esta melodia. Pela sua carga dramática e nostálgica soa a Fado e transporta todo o sentimento associado a este estilo musical. Neste arranjo a melodia assume novas «personagens» como o Tango, Klezmer, quasi «pop» e a festa!

NA FESTA DO RABI
Esta música, mais uma do livro perdido, é das que mais gostamos e das que menos tocamos, o que é curioso. No disco é o tema-charneira que separa as duas partes - a primeira, mais efusiva e simples e directa; a segunda, mais elaborada e referenciada e rica. O ad lib. inicial é quase um portal para um novo momento e o swing no final permite-nos dançar mais um pouco. É das nossas preferidas!

FREYLACH 6.8
Um corte e costura de temas tradicionais, e onde exploramos diferentes camas rítmicas sob a forte melodia que tem. E no final a melodia passa para a guitarra, o que é incomum em nós, e o ambiente passa para a nossa sala de ensaio, os cinco a curtir.

HAVA NAGILA
Dispensa apresentações! No disco fazemos uma pequena desconstrução da música - ainda no ambiente de sala de ensaio - e depois partimos para paródia, tal e qual como o arranjo do espectáculo ao vivo. No fim da música aparece um acelerando forte para rematar a música em apoteose.

(MELODIA DA RUA)
Esta foi o Graça que nos mostrou num ensaio, só ao violino, «Malta, oiçam isto». E gostámos tanto assim, que assim ficou. No disco serve como segundo ponto de paragem/descanso, um novo interlúdio que respira do chinfrim anterior e prepara o último terço do disco.

CRAVINEIRO
Cravineiro é o nome que os contrabandistas portugueses davam aos guardas espanhóis que estavam junto das fronteiras entre Portugal e Espanha. Na altura pareceu bem fazer uma música dedicada a estes senhores. É um dos nossos temas com mais traços do klezmer tradicional. Tinha dois finais e ao vivo tocávamos aquele que o público escolhia. No disco decidimos fazer um final diferente, pronto!

SABITUAR
A melodia principal apareceu ao Miguel num banho, numa altura em que a beatlemania lhe batia particularmente forte, e a entrada da música remete precisamente para o «Helter Skelter»! No refrão exploramos um pouco uma melodia mais virtuosa (que é uma variação da melodia principal), e o fim da música apresenta um estado de espírito novo no disco, mais melancólico e sonhador, a preparar o final do disco.

HARMÓNICA
No disco começa em jeito de música de embalar, voz a cappela, e segue sempre muito delicada até ao fim, sempre dando primazia à melodia, terminando o disco. Depois não resistimos e ainda vamos à paródia outra vez. Esta é mais uma do livro, e ocupa no disco o mesmo lugar que ocupa ao vivo - o fim».


Ouvir o single de avanço, aqui.

25 maio, 2009

Manecas Costa Inaugura festIM (e há bilhetes para oferecer!)


O festIM - Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo - arranca esta sexta-feira, dia 29, com um concerto do guineense - e mestre absoluto do n'gumbé - Manecas Costa (na foto), no palco do Cine-Teatro de Estarreja. O Raízes e Antenas associa-se à festa e tem dois bilhetes individuais para oferecer às duas pessoas que mais rapidamente mostrarem o seu desejo de ir a este concerto na caixa de comentários aqui em baixo. O festIM, recorde-se, tem organização da d'Orfeu e, durante os próximos meses, apresentará também concertos de Antonio Rivas & sus Vallenatos, Hermeto Pascoal, Kepa Junkera, Le Vent du Nord, Musafir - Gypsies of Rajasthan e Amsterdam Klezmer Band, em Águeda, Sever do Vouga, Estarreja, Ovar, Oliveira do Bairro, Albergaria-a-Velha e Aveiro. Mais informações, aqui.

22 maio, 2009

Granitos Folk - Com Amsterdam Klezmer Band, Toques do Caramulo, dJAL, Stygiens, Melech Mechaya...


Está aí à vista mais um grande festival: o VI Granitos Folk decorre de 11 a 13 de Junho, mais uma vez a dividir-se pelos jardins do Palácio de Cristal e pelo Contagiarte. Estes dois espaços do Porto recebem os Toques do Caramulo, os holandeses Amsterdam Klezmer Band, os Tinto e Jeropiga e o DJ Hugo Osga no primeiro dia; Bailebúrdia, Melech Mechaya, Tuttis Carraputtis, os franceses dJAL, Mosca Tosca e o DJ António Pires (pois...) no segundo; Mosca Tosca (de novo), Os Divertidos, Tanira e os italianos Stygiens (na foto) na terceira. Vai ser uma festarola pegada, ai vai vai! Mais informações aqui.

21 maio, 2009

FMM de Sines - O Programa Completo!


Sem mais palavras (porque são desnecessárias), aqui vai o comunicado do FMM:

«Sines, capital da “world music” em Portugal, recebe 11.º Festival Músicas do Mundo em Julho

Lee ‘Scratch’ Perry, Chucho Valdés, Debashish Bhattacharya, James Blood Ulmer, Cyro Baptista, Hanggai, Rupa & The April Fishes, The Ukrainians e Speed Caravan são alguns destaques entre os 37 projectos musicais programados.

O FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, uma organização da Câmara Municipal de Sines, sobe aos palcos de Sines e Porto Covo entre 17 e 25 de Julho de 2009 para a maior festa de descoberta de novos artistas e expressões musicais realizada em Portugal.

Na 11.ª edição do evento, a capital nacional da “world music” enche-se para assistir a 37 espectáculos com origem na Europa, África, Médio Oriente, Ásia e Américas, mais de duas dezenas dos quais em estreia absoluta no nosso país.

A primeira parte do festival – 17, 18 e 19 de Julho – tem lugar em Porto Covo, num palco montado junto ao Porto de Pesca. A partir de 20 de Julho, a música transita para os três palcos da cidade de Sines: Centro de Artes de Sines, Praia Vasco da Gama e Castelo medieval, palco histórico do festival e berço de Vasco da Gama.

No alinhamento do programa, destaque para a presença em Sines do jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry, uma das figurais seminais do reggae e do dub, incluído na lista de 100 melhores artistas de todos os tempos publicada em 2004 pela revista Rolling Stone. Ficará a seu cargo o encerramento do programa de concertos no palco do Castelo, na noite de 25 de Julho.

Um dos mais conceituados pianistas de jazz do mundo, o cubano Chucho Valdés, vencedor de cinco Grammys, entre 14 nomeações, comanda a armada dos multi-premiados. Nela também se contam o mestre indiano da “slide guitar”, Debashish Bhattasharya, eleito melhor artista da Ásia / Pacífico nos BBC Radio 3 World Music Awards 2007, o grupo de hip hop senegalês Daara J Family, melhor grupo africano da edição de 2004 dos mesmos prémios, e um dos mais interessantes projectos da folk europeia, a banda polaca Warsaw Village Band, revelação com selo BBC em 2003.

Entre os nomes que mais têm estado em foco no circuito das músicas do mundo no último ano e que marcam presença em Sines, menção especial para as cumbias psicadélicas de Chicha Libre e doce música de intervenção de Rupa & The April Fishes, exemplos acabados da melhor criação musical cosmopolita com origem nos EUA.

Fazem ainda parte deste conjunto de revelações da primeira linha os franco-argelinos Speed Caravan (que fecham o festival, junto à Praia Vasco da Gama, na noite de 25 de Julho), o grupo chinês Hanggai, a cantora israelita Mor Karbasi e o quarteto de jazz britânico Portico Quartet, todos eles autores discos de estreia lançados em 2008 com recepção entusiástica tanto pelo público como pelo crítica especializada.

Pelo seu poder musical, mas também visual, constituem promessas de espectáculos de grande impacto os congoleses Kasaï Allstars (com 13 músicos e dançarinos em palco), os shows de percussão do brasileiro Cyro Baptista e do argentino Ramiro Musotto, a orquestra de Afrobeat do nigeriano Dele Sosimi e a Orquesta Típica Fernández Fierro, um dos melhores agrupamentos de tango argentino da actualidade.

Pela energia colocada em palco em todas as actuações, aguarda-se que fusão cigana dos italianos Circo Abusivo, o folk punk dos britânicos The Ukrainians, e a mistura de jazz, heavy metal e “world music” da banda finlandesa Alamaailman Vasarat resultem em mais três concertos explosivos do FMM Sines 2009.

Considerado “um dos melhores grupos europeus” por Thurston Moore (Sonic Youth), a banda franco-italo-tunisina L’Enfance Rouge dará um concerto de rock experimental com base de música tradicional árabe. Noutros dois projectos de fusão em que a componente étnica é marcante, o grupo Njava aposta no cruzamento entre as músicas tradicionais do Madagáscar e a música de dança e o projecto Corneliu Stroe & Aromanian Ethno Band revitaliza o folclore do povo aromeno através do jazz.

Entre os concertos assentes na capacidade expressiva de um único artista destacam-se os oferecidos pelo “bluesman” James Blood Ulmer, uma das figuras de referência da música negra norte-americana, pelo trovador do Burkina Faso, Victor Démé, e por Mamer, um surpreendente jovem cantautor com raízes do interior da China. O cantor Bibi Tanga, natural da Rep. Centro-Africana, terá a seu lado o DJ francês Le Professeur Inlassable, mas estará na sua voz “soul” a chave de outro concerto a não perder.

Portugal e os países de expressão portuguesa estão também fortemente representados no FMM Sines 2009. O’questrada, cujo álbum de estreia não pára de tocar nas rádio nacionais desde que foi lançado em Abril, inaugura o festival no dia 17, em Porto Covo. Dois dias depois, no mesmo palco, Wyza mostra porque é um dos mais interessantes artistas da música angolana contemporânea. No Centro Artes, ouve-se a cantora Carmen Souza, jazz vocal com sabor cabo-verdiano, a música tradicional expandida pela electrónica do duo Assobio, o sitar indiano de Paulo Sousa e o quinteto Melech Mechaya, uma festa portuguesa com sabor klezmer.

A maior noite lusófona da história do festival está, no entanto, reservada para 22 de Julho, no Castelo. Nela vão actuar o jovem quarteto Trilhos, que abre novos horizontes para a guitarra portuguesa, Janita Salomé, com o seu disco “Vinho dos Amantes”, a galega Uxía Senlle, num espectáculo especialmente preparado para o FMM, com vários convidados portugueses e africanos, e Acetre, instituição da folk espanhola, com sede em Olivença, que traz a Sines repertório cantado em castelhano e português. Prolongando este espírito de comunhão, no dia 23, no palco da praia, o galego Narf e o guineense Manecas Costa juntam-se para apresentar o seu projecto conjunto “Alô Irmão!”.

O preço do bilhete para cada noite de música é de 5 euros em Porto Covo e de 10 euros no Castelo. O custo dos espectáculos no Centro de Artes de Sines varia entre os 10 euros (20 e 21 de Julho) e os 5 euros (22, 23, 24 e 25 de Julho). Os sete concertos realizados na Avenida Vasco da Gama, junto à praia do mesmo nome, têm entrada livre.

Seguindo a média de valores registados nos últimos dois anos, espera-se que o FMM Sines 2009 conte com a presença de mais de 80 mil espectadores.

Informações completas em www.fmm.com.pt





ALINHAMENTO COMPLETO DO PROGRAMA

17 de Julho

O'QUESTRADA (Portugal), 21h30

Criador de música misceginada - entre o fado e o funaná, entre a pop e a canção francesa -, o quinteto O’Questrada é um dos grupos mais comunicativos da história da música em Portugal.

RUPA & THE APRIL FISHES (EUA), 23h00

Nascida na Califórnia, filha de pais indianos e com uma adolescência passada em França, a cantautora Rupa Marya é a nova embaixadora da América musical cosmopolita.

CIRCO ABUSIVO (Itália), 00h30

Num universo estético próximo dos Gogol Bordello, com quem tem colaborado, o grupo Circo Abusivo junta a música cigana balcânica a outras músicas num espectáculo explosivo.

Sábado, 18 de Julho

VICTOR DÉMÉ (Burkina Faso), 21h30

Considerado uma das maiores revelações africanas dos últimos anos, o cantor e guitarrista Victor Démé é um verdadeiro trovador folk, cruzando tradição mandinga e influências latinas.

THE UKRAINIANS (Reino Unido), 23h00

Um dos melhores representantes da fusão entre a folk e a música punk com origem no Reino Unido apresenta o seu disco novo, “Diáspora”, dedicado à emigração ucraniana e de Leste.

DELE SOSIMI AFROBEAT ORCHESTRA (Nigéria / Reino Unido), 00h30

Companheiro de Fela e Femi Kuti, o teclista e director musical Dele Sosimi apresenta-se no FMM com a sua Afrobeat Orchestra, máquina de ritmo afro-funk que vai pôr Porto Covo a dançar.

Domingo, 19 de Julho

WYZA (Angola), 21h30

Autor de “Bakongo”, um dos mais surpreendentes trabalhos de um músico da África de língua portuguesa produzidos no novo milénio, Wyza é música angolana como não a ouvimos antes.

ORQUESTA TÍPICA FERNÁNDEZ FIERRO (Argentina), 23h00

Criada em 2001 por um grupo de estudantes de Buenos Aires, a OTFF faz tango com o charme de sempre transformado pela energia e a informalidade de uma nova geração de músicos.

DAARA J FAMILY (Senegal), 00h30

Vencedora dos prémios de “world music” da BBC Radio 3 em 2004, a Daara J Family traz a Porto Covo o melhor hip hop africano, com surpreendentes temperos de Cuba e da Jamaica.

SINES

Segunda, 20 de Julho

MOR KARBASI (Israel / Reino Unido), 22h00, Centro de Artes de Sines

Israel sempre foi rico em vozes femininas e Mor Karbasi, uma jovem cantora interessada no herança judia da Península Ibérica, é mais uma diva a acrescentar a esta galeria dourada.

PORTICO QUARTET (Reino Unido), 23h30, Centro de Artes de Sines

Com o seu álbum de estreia nomeado para o Mercury Prize e considerado o melhor do ano pela revista Time Out, Portico Quartet já não faz jazz, mas “pós-jazz” eivado de espírito “indy”.

Terça, 21 de Julho

CORNELIU STROE & AROMANIAN ETHNO BAND (Roménia), 22h00, Centro de Artes de Sines

O folclore tradicional dos aromenos, um povo latino do Leste Europeu, tem nova dimensão através da criatividade efervescente do percussionista romeno Corneliu Stroe.

CARMEN SOUZA (Portugal / Cabo Verde), 23h30, Centro de Artes de Sines

O jazz vocal ganha expressão cabo-verdiana na voz de Carmen Souza, presente em Sines na companhia do saxofonista Jay Corre, que tocou com Sinatra, entre outros grandes dos EUA.

Quarta, 22 de Julho

MAMER (China), 18h30, Centro de Artes de Sines

Figura do movimento de redescoberta das raízes musicais pela nova geração chinesa, Mamer faz folk alternativa a partir da música tradicional do povo cazaque da região de Xinjiang.

TRILHOS - NOVOS CAMINHOS DA GUITARRA PORTUGUESA (Portugal), 21h00, Castelo

A guitarra portuguesa do músico sineense Rui Vinagre inicia os concertos no Castelo integrada num quarteto que abre novos horizontes para um instrumento extraordinário.

JANITA SALOMÉ (Portugal), 22h15, Castelo

Um dos cantautores com uma carreira mais consistente na música portuguesa, Janita apresenta um espectáculo onde canta o vinho através de textos de grandes poetas mundiais.

UXÍA (Galiza), 23h30, Castelo

Uma das maiores cantoras ibéricas há mais de 20 anos, Uxía promove um encontro emocionante de músicas e músicos da Galiza, de Portugal e de vários países da África de língua portuguesa.

ACETRE (Extremadura), 00h45, Castelo

Instituição da folk peninsular, o grupo Acetre traz de Olivença a Sines um espectáculo fundado na cultura raiana, com repertório cantado em português e castelhano.

L'ENFANCE ROUGE (Tunísia / França / Itália), 02h30, Av. Vasco da Gama

Considerado “um dos melhores grupos europeus” por Thurston Moore (Sonic Youth), L'Enfance Rouge faz rock experimental com bases de música tradicional árabe.

Quinta, 23 de Julho

ASSOBIO (Portugal), 18h00, Centro de Artes de Sines

Composto por César Prata e Vanda Rodrigues, o duo Assobio expande material acústico popular através do espectro de novos sons e timbres que só é possível produzir por computador.

NARF & MANECAS COSTA (Galiza / Guiné Bissau), 19h30, Av. Vasco da Gama

O projecto “Alô Irmão!” junta as vozes e as guitarras (acústicas e eléctricas) do músico galego Fran Pérez (Narf) e de Manecas Costa, expoente contemporâneo da música da Guiné Bissau.

HANGGAI feat. MAMER (China), 21h30, Castelo

O património vocal e instrumental das estepes da Mongólia Interior tem brilho redobrado nas mãos de Hanggai, um dos grupos mais originais da nova música chinesa.

CHUCHO VALDÉS BIG BAND (Cuba), 23h00, Castelo

Um dos melhores pianistas do mundo e uma referência do jazz latino, Chucho Valdés chega a Sines com mais de 50 discos gravados e cinco Grammys conquistados, entre 14 nomeações.

KASAÏ ALLSTARS (Rep. Dem. Congo), 00h30, Castelo

Experiências domésticas de amplificação eléctrica de instrumentos tradicionais misturam-se com o espírito do rock e ritmos de transe nativos num espectáculo de grande força musical e visual.

RAMIRO MUSOTTO & ORCHESTRA SUDAKA (Argentina / Brasil), 02h30, Av. Vasco da Gama

Argentino radicado no Brasil, Ramiro Musotto cruza música baiana e música de vários pontos da América Latina num show de percussão a que a electrónica acrescenta cambiantes.

Sexta, 24 de Julho

PAULO SOUSA (Portugal), 18h00, Centro de Artes de Sines

Ex-guitarrista dos Essa Entente, Paulo Sousa apaixonou-se pela música da Índia e é hoje um exímio intérprete do sitar, que tocará em Sines na companhia das tablas de Francisco Cabral.

NJAVA (Madagáscar), 19h30, Av. Vasco da Gama

Formado por quatro irmãos e um primo a viver em Bruxelas desde os anos 90, Njava reflecte toda a riqueza da música do Madagáscar num espectáculo de dança de fusão “Ethnotic Groove”.

WARSAW VILLAGE BAND (Polónia), 21h30, Castelo

Revelação dos prémios de “world music” da BBC Radio 3 em 2003, a Warsaw Village Band é um dos grupos de culto da folk europeia e traz dois discos novos para mostrar no FMM 2009.

DEBASHISH BHATTACHARYA (Índia), 23h00, Castelo

Melhor artista da Ásia / Pacífico nos prémios da BBC Radio 3 em 2007 e nomeado para um Grammy em 2009, Debashish Bhattacharya é o grande mestre da “slide guitar” indiana.

CYRO BAPTISTA BEAT THE DONKEY (Brasil / EUA), 00h30, Castelo

Considerado um dos melhores percussionistas do mundo, o brasileiro radicado nos EUA Cyro Baptista vem a Sines com Beat the Donkey, um show rítmico e visual a não perder.

CHICHA LIBRE (EUA), 02h30, Av. Vasco da Gama

Chicha Libre reinventa, a partir de N. Iorque, a música incrível dos índios da Amazónia peruana, que nos anos 70 fundiam cumbias colombianas e melodias andinas com sons psicadélicos.

Sábado, 25 de Julho

MELECH MECHAYA (Portugal), 18h00, Centro de Artes de Sines

O espírito festivo do klezmer, a mais conhecida música secular do povo judaico, chega ao Centro de Artes de Sines através do quinteto português Melech Mechaya.

BIBI TANGA ET LE PROFESSEUR INLASSABLE (RCA / França), 19h30, Av. Vasco da Gama

Nascido na Rep. Centro-Africana e criado em França, o cantor e baixista Bibi Tanga chama o DJ Le Professeur Inlassable para uma actualização pessoal da grande música africana e afro-americana.

JAMES BLOOD ULMER (EUA), 21h30, Castelo

Considerado uma das referências da música negra, o cantor e guitarrista James Blood Ulmer enche o palco do Castelo com os seus blues cultivados pelo jazz, funk e rock psicadélico.

ALAMAAILMAN VASARAT (Finlândia), 23h00, Castelo

Acústico - embora, pela sua energia, não pareça - o quinteto instrumental Alamaailman Vasarat cruza músicas tão diferentes quanto o klezmer, o jazz e o heavy-metal.

LEE 'SCRATCH' PERRY (Jamaica), 00h30, Castelo

O fogo-de-artifício dispara com Lee Perry, um dos maiores visionários da música jamaicana, incluído na lista dos 100 maiores artistas de sempre publicada pela Rolling Stone em 2004.

SPEED CARAVAN (França / Argélia), 02h30, Av. Vasco da Gama

O baile de encerramento do FMM 2009 é comandado por Mehdi Haddab, músico de origem argelina que transformou o alaúde árabe numa máquina electrificada ao serviço do rock».

Na foto: Warsaw Village Band.

19 maio, 2009

Dazkarieh - «Hemisférios» em Entrevista e Crítica ao Disco...


Poucos meses passados sobre a edição do novo álbum dos Dazkarieh, «Hemisférios» - e numa altura em que a sua agenda de concertos um pouco por todo o lado está mais que bem preenchida - aqui recupero dois textos publicados originalmente na revista «Time Out Lisboa». Uma entrevista ao grupo e a crítica ao disco.

A MEMÓRIA E A CRIAÇÃO

A comemorar dez anos de existência, os Dazkarieh lançam o seu melhor disco de sempre, «Hemisférios». António Pires falou com Joana Negrão, Vasco Ribeiro Casais e, lá mais para o fim, Luís Peixoto. «Hemisférios» é um álbum duplo em que um dos «lados» é composto por originais e o outro por versões de temas tradicionais portugueses. Isto é, nele estão bem presentes o lado da criação e o lado da memória. Ou as duas coisas juntas e/ou baralhadas.

No vosso trabalho há uma grande parte que vem da memória e da sua recriação e outra que vem da vossa própria criação, que por sua vez carrega também uma forte carga de outras memórias musicais. Há bocadinho, antes da entrevista começar, disseram-me que saíram de Lisboa para trabalhar neste disco. Vocês fizeram recolhas de temas tradicionais?


Joana Negrão - Não, nós ouvimos recolhas já feitas por outros. Nós sentimos foi a necessidade de sair do nosso meio habitual, a cidade, para nos concentrarmos no nosso trabalho; ter uma maior disponibilidade mental para ouvir, pensar, criar... Estivemos numa casa no Algarve e noutra na Arrábida.

Vasco Ribeiro Casais - Há cerca de dez anos - quando começaram os Dazkarieh - comecei a interessar-me e a ouvir músicas tradicionais, étnicas, a chamada world music. Antes estava mais ligado ao rock e à música clássica. E durante algum tempo houve muitas experiências, no seio do grupo, de canções influenciadas pela world music e muito acústicas. Há alguns anos senti a necessidade - uma necessidade que foi acompanhada pelos outros membros do grupo - de avançar para uma sonoridade mais eléctrica, mais próxima do rock. E neste disco temos o acústico sempre presente, o eléctrico por vezes presente e tentamos ter as coisas equilibradas. Tanto nas nossas canções como naquelas que são a nossa visão dos temas tradicionais.

E, paralelamente a isso, uma muito maior ligação à música portuguesa. Como é que vocês fazem a escolha dos temas tradicionais?

VRC - No meu caso, essa escolha não é imediata. Muitas das recolhas têm um som rude, mesmo para nós que estamos habituados.

JN - Eu fui ouvir muitas coisas que já sabia, à partida, que me iriam dizer alguma coisa. Ouvi muito a Catarina Chitas, mesmo não aparecendo nada do que ouvi dela no nosso disco. As Adufeiras de Monsanto, com quem já estive muitas vezes e com quem já aprendi muito. Os Velhos da Torre, do Algarve. E houve uma experiência muito engraçada, que foi começar a ouvir coisas dos Açores... Dos Açores usámos no disco uma canção a que chamámos «Coroar», que originalmente faz parte dos rituais do Espírito Santo, e que tem uma carga muito forte, não tanto por ser uma coisa católica mas mais pela força que emana: a força da fé, a força do acreditar...

VRC - Também há casos em que os originais se misturam com as versões. Uma das músicas, a «Borda d'Água», é uma versão mas, ao mesmo tempo, estávamos a trabalhar num original e não conseguíamos fazer nada nem do original nem da «Borda d'Água». Até que, por acaso, se juntaram as duas.

Neste álbum - apesar de ser uma evolução óbvia do anterior, Incógnita Alquimia - há novos instrumentos como o cavaquinho e a sanfona - tocados muitas vezes em estado "puro" e não em distorção, ao contrário do que acontece com o bouzouki, a nyckelhapra ou o bandolim... - e, claro, a substituição das percussões do Baltazar Molina pela bateria...

VRC - Mas olha que a sanfona às vezes também tem distorção... O André a tocar bateria é muito original: ele tem uns pratos que não são pratos normais, são pratos partidos, empilhados uns por cima dos outros; um kit com adufes e djembé. Mas ele toca bateria à séria, com força.

JN - Às vezes sentimos a necessidade de introduzir momentos mais acústicos, para abrir o som, para dar equilíbrio. No «Hemisfério A» temos uma música muito lenta, muito acústica, que é só voz, cavaquinho e nyckelharpa.

VRC - Os instrumentos que nós tocamos são todos acústicos. Mas um bandolim com distorção ou fuzz não soa ao mesmo que uma guitarra eléctrica em distorção ou com fuzz. E nós usamos os dois sons em simultâneo: há sempre o som limpo, acústico, e o processado.

Vocês andam a tocar muito mais no estrangeiro do que em Portugal. Em dezenas de concertos este ano...


Luís Peixoto - Há cerca de setenta por cento no estrangeiro e cerca de trinta em Portugal. Mas ao longo do ano é capaz de variar: em Portugal marcam-se as coisas muito mais em cima da hora...

VRC - Ainda há poucos dias estivemos num grande festival de world music na Lituânia...

As pessoas apercebem-se de que muitas das vossas canções são temas tradicionais portugueses?

JN - Sim, e têm muita curiosidade. Principalmente, curiosidade por saber de música portuguesa que não é o fado.




DAZKARIEH
«HEMISFÉRIOS»
Hepta Trad

«Incógnita Alquimia» (2006), o álbum anterior a este novo «Hemisférios», marcou uma ruptura com o passado do grupo: os Dazkarieh passaram então de um grupo essencialmente acústico e com uma sonoridade baseada em músicas étnicas de variadíssimas proveniências («celtas», norte-europeias, africanas, árabes, brasileiras...) para um grupo em que à vertente acústica se juntou uma pulsão eléctrica bastante forte usando instrumentos acústicos, sim, mas processados, alterados, muitas vezes em distorção rock - dir-se-ia, por vezes, metal - e, paralelamente, um grupo em que as influências da música tradicional portuguesa se faziam sentir muito mais fortemente do que no passado (e a inclusão, nesse disco, dos tradicionais «Senhora da Azenha», «Vitorina» e «Meninas Vamos à Murta» era já disso um bom sinal). E o novo álbum, «Hemisférios» - um duplo que apresenta no «Hemisfério A» temas originais e no «Hemisfério B» versões de temas tradicionais, mas num todo coerente e em que muitas vezes - se não houvesse essa indicação - dificilmente se adivinhariam quais os originais e quais as versões -, é a continuação e evolução lógica e bem-vinda desse álbum. Com algumas diferenças importantes: a voz de Joana Negrão integra-se agora, em perfeição absoluta, na massa sonora envolvente. O domínio técnico dos intrumentos tocados por Vasco Ribeiro Casais e Luís Peixoto - da nyckelharpa sueca e do bouzouki grego/irlandês às gaitas, bandolins ou às novas «aquisições» como o cavaquinho, a sanfona ou o bouzoucão (um bouzouki-baixo), que abrem bastante o leque tímbrico e as soluções harmónicas - atingiu um pico extraordinário. As percussões de Baltazar Molina foram substituídas pela bateria de André Silva, que dá mais peso e consistência ao conjunto. Vai ficar para a história da música portuguesa (ou já lá está - na história do passado e na história que se fizer no futuro). (*****)

18 maio, 2009

Hedningarna, Brigada Victor Jara, Llan de Cubel e Maria Salgado no Intercéltico de Sendim


Às Crónicas da Terra - o site, agora renovado, do meu querido amigo Luís Rei - chegou há algum tempo a programação completa do Intercéltico de Sendim. O texto que se segue é da sua autoria:


«Hedningarna, Maria Salgado, Lenga Lenga, Llan de Cubel (na foto), Brigada Victor Jara e Korrontzi alinhados para o 10º Intercéltico de Sendim

A décima edição do Festival Intercéltico de Sendim, que se realiza nesta localidade de Tierras de Miranda, entre os dias 31 de Julho e 2 de Agosto, impõe um cartaz de respeito. No primeiro dia, o projecto de gaitas local, Lenga Lenga, e a cantora cantora castelhana Maria Salgado abrem a noite de festividades que termina com o saudado regresso dos suecos Hedningarna. Não é muito comum o Intercéltico de Sendim repetir nomes, mas dado o tom festivo da edição deste ano, há uns meses atrás, foi lançado um repto na página oficial do festival em que a organização solicitou a todos os visitantes "que votassem no nome que gostavam que regressasse a Sendim como forma de comemorarmos os 10 anos do festival". Os «pagãos» suecos conquistaram o direito de regressar a Sendim. Viva o "poder" popular.

No dia seguinte, teremos a jovem banda basca que mais prémios folk tem conquistado na vizinha Espanha, os Korrontzi. Haverá também “Ceia Louca” com a Brigada Victor Jara presentear a assistência «com um concerto especialmente preparado para o efeito, com forte presença de temas transmontanos» e folk asturiano, maduro e de rápida execução, pelos veteranos Llan de Cubel.

Actividades paralelas

Como é habitual, durante a tarde o Intercéltico de Sendim, realiza uma série de actividades paralelas. Destaque para os Toques tradicionais de Sinos da Terra de Miranda por Ângelo Arribas e Alfredo Fernandes na Igreja Paroquial de Sendim e para os Cantos Religiosos Traidicionais Mirandeses, no mesmo local. L’alma, Tuna da Lousa, Gaiteiros de Constantim e Trasga completam o cardápio musical do décimo aniversário do Intercéltico de Sendim».

Mais informações, aqui.

14 maio, 2009

Uma Homenagem à Mais Importante Canção de Sempre do Festival da Eurovisão


Pode-se ampliar esta imagem em cima e, lendo-a, não são precisas mais palavras do que estas que elas cantam para se perceber o título deste post. Mas também vale a pena ouvir a música (apesar de a música não ser tão boa quanto a mensagem que ela transmite). E vê-las, às duas, na final (ou, se se quiser, neste vídeo aqui um pouco mais abaixo da sua participação na semi-final). Se houver um pingo de justiça, Noa e Mira Awad - a estrela israelita, judia, a cantar em hebraico; e a cantora e actriz palestiniana, cristã, a cantar em árabe - hão-de ganhar o concurso. Um concurso geralmente idiota que, assim, por um toque mágico do destino, poderá voltar a ter um pouco de importância neste mundo das músicas e nestas músicas do mundo.


13 maio, 2009

Festival Islâmico de Mértola - Com Oojami e Les Boukakes, Entre Outros...


Este ano, infelizmente, não vou poder ir. Mas todos os FIM a que fui deixaram-me excelentes recordações. Este ano - para além da já habitual feira, das actividades religiosas abertas à observação exterior e do permanente cheiro a chá de menta -, os destaques musicais vão para os Oojami (na foto), Les Boukakes, Dalloua, Trifony, Basidou e Orquestra Feminina de Tetouan e uma sessão de DJ por Raquel Bulha. O programa completo do Festival Islâmico de Mértola, tal como divulgado pela edilidade:



«Festival Islâmico de Mértola
21 a 24 de Maio 2009




Cinco edições e dez anos passados desde o seu início, o Festival Islâmico continua a apresentar-se como uma das actividades mais emblemáticas de toda a região e uma das mais referenciadas a nível nacional. A 5ª edição que terá lugar de 21 a 24 de Maio, procurará seguir a linha até aqui desenvolvida, tentando consolidar as matrizes que lhe deram origem, desenvolvendo algumas actividades inovadoras e promotoras do património deste território.
O envolvimento das parcerias locais, a diversidade de actividades e de produtos culturais aqui apresentados e a experiência intelectual e sensorial que este Festival pode proporcionar ao turista/visitante são ingredientes mais que suficientes para continuarmos a investir na sua organização.
Esperamos por si.




PROGRAMA

21 de Maio (Quinta-feira)

10.00h – Abertura do mercado de rua (souk)

10.30h e 14.00h – Contos do Souk – com Jorge Serafim e Joaquim Pedro Ferreira (dirigido aos alunos das escolas do concelho) – na tenda junto ao castelo.

16.00h – Inauguração oficial do 5º Festival Islâmico de Mértola.

17.30h – Lançamento do livro de poesia “Cadernos de areia” de Luís F. Maçarico (Largo da Alcachofra)

19.00h – Lançamento do nº 1 dos cadernos temáticos da Aldraba – “Aldrabas e batentes de porta: uma reflexão sobre o património imperceptível.” (Salão Nobre da C.M.M.) Org. Aldraba

19.30h – Teatro “Há festa na Vila” pelo grupo Wady-actos (Cine-teatro Marques Duque)

21.00h – “Imagens na cal” – Projecção de imagens (núcleo histórico).

21.30h – Concerto (Castelo)

Dalloua (Egipto)

Trifony (Marrocos/Espanha)
Umeya - Sabores de Al-Andaluz

22.00h – Encerramento do mercado de rua.



Animação de Rua
Gnawa Al-Baraka/Música tradicional de Marrocos
Eduardo Ramos/Música Luso-Árabe



22 de Maio (Sexta-feira)

10.00h – Abertura do mercado de rua (souk).

10.30h e 14.00h – Contos do Souk – com Jorge Serafim e Joaquim Pedro Ferreira (dirigido aos alunos das escolas do concelho) – na tenda junto ao castelo.

15h00 – Oficina de dança Oriental pela Companhia Dansul (Casa dos Azulejos)

17.30h – Conferência – “La crisis económica: “El Islam es la alternativa” com Umar Faruq Gutiérrez – organização da Comunidade Islâmica em Espanha.- (Salão Nobre da C.M.M.)

18.00h – Papoila do Odiana – Dança, música e poesia (Cine Teatro Marques Duque)

18.30h – Lançamento do livro “O mar do meio” de Santiago Macias – Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo

19.30h – Teatro“Há festa na Vila” pelo grupo Wady-actos (Cine-teatro Marques Duque) 21.30h -“Imagens na cal” Projecção de imagens (núcleo histórico)

.Ao pôr-do-sol – Noite de Dycra – Comunidade Islâmica em Espanha (Salão dos Bombeiros)

21.30h – “Imagens na cal” – Projecção de imagens (núcleo histórico).

22.00h – Encerramento do mercado de rua

22.30h – Concerto (Cais do Guadiana)

Orquestra Feminina de Tetouan (Marrocos)

Les Boukakes (França/ Argélia/ Marrocos/ Itália)

01.00h – Animação com o grupo Gnawa Bambara – Música tradicional de Marrocos (Praça Luís de Camões).


Animação de Rua
Gnawa Al-Baraka/Música tradicional de Marrocos
Eduardo Ramos/Música Luso-Árabe
Viola Campaniça e a Cantadeira



23 de Maio (Sábado)

10.00h – Abertura do mercado de rua.

11.00h – Oficina de dança Oriental pela Companhia Dansul (Casa dos Azulejos)

11.30h – Feira do Livro - Presença de Cláudio Torres (Edifício da Biblioteca) Org. Vol.

15.00h – Contos do Souk – com Ângelo Torres e Jorge Serafim – na tenda junto ao castelo

Feira do Livro – Presença de Robert Wilson (Edifício Biblioteca) Org. VOL

16.30h – Feira do Livro – Presença de António Barahona (Edifício Biblioteca) Org. VOL

17.00h – Teatro“Há festa na Vila” pelo grupo Wady-actos (Cine-teatro Marques Duque)

17.30h – Conferência – “Reflexiones sobre el Tiempo” com Rahima Valverde – organização da Comunidade Islâmica em Espanha – Salão Nobre da C. M. M.

18.00h – Papoila do Odiana – Dança, música e poesia (Cine Teatro Marques Duque)

19.00h – Apresentação dos alunos da Dansul – (Castelo)

19.30h – Contos do Souk – com Ângelo Torres e Jorge Serafim – Casa dos Azulejos.

21.00h – Feira do Livro – Presença de Adalberto Alves (Biblioteca) Org. VOL

21.30h – Teatro“Há festa na Vila” pelo grupo Wady-actos (Cine-teatro Marques Duque)

“Imagens na cal” Projecção de imagens (núcleo histórico)

22.00h – Encerramento do mercado de rua

22.30h – Concerto (Cais do Guadiana)

Basidou (Marrocos/ Espanha)

Oojami (Turquia/ Inglaterra)

01.00h – Dance Party
DJ Raquel Bulha VJ's Ibn Ammar e Al-Mu'tamid

Animação de Rua
Gnawa Al-Baraka/Música tradicional de Marrocos
Eduardo Ramos/Música Luso-Árabe
Os Alentejanos



24 de Maio (Domingo)

10.00h – Abertura do mercado de rua.

15.30h – Espectáculo de encerramento do 5º Festival Islâmico de Mértola no Largo Vasco da Gama com:

Grupo Coral “Guadiana” de Mértola

Grupo Coral “Os Caldeireiros “ de S. João dos Caldeireiros

Grupo Gnawa Al-Baraka
Modas de Baile com o Grupo Femenino e Etnográfico "As Papoilas"

17.0h – Encerramento do 5º Festival Islâmico de Mértola.



Animação de Rua
Gnawa Al-Baraka/Música tradicional de Marrocos
Eduardo Ramos/Música Luso-Árabe»

12 maio, 2009

Mercedes Sosa e Bajofondo Tango Club - A Argentina em Força no Med de Loulé


Depois da confirmação dos catalães Ojos de Brujo, chegam mais dois nomes para o Med de Loulé: o da mítica cantora argentina Mercedes Sosa (um dos maiores expoentes da «nueva canción» de intervenção da Amárica Latina) e o regresso do grupo liderado pelo multi-oscarizado Gustavo Santaolalla, Bajofondo Tango Club (na foto), que há dois anos deram por lá um belíssimo espectáculo. O comunicado da organização:

«Bajofondo Tango Club e Mercedes Sosa na edição 2009 do Festival Med

A organização do Festival Med continua a apostar no talento latino para a edição deste ano. Depois de Ojos de Brujo, o primeiro nome anunciado para o cartaz, a organização confirma agora presença de dois nomes grandes da world music de origem argentina: Bajofondo Tango Club e Mercedes Sosa.

Esta é a sexta edição do Festival Med, um dos mais conceituados festivais nacionais de world music, que volta a invadir o centro histórico de Loulé. De 24 a 28 de Junho, a cidade transforma-se num palco de manifestações culturais e de fusão de culturas.

Depois de nomes como Solomon Burke, Jimmy Cliff, Balkan Beat Box, Amadou & Mariam, Tinariwen e Caravan Palace terem passado pelo palco Med em edições anteriores, este ano, a organização garante “o maior e mais internacional cartaz de sempre”.

O alinhamento dos palcos principais será apresentado, na íntegra, a 28 de Maio. Até lá, estão já confirmados os Ojos de Brujo, os Bajofondo Tango Club e Mercedes Sosa, três nomes fortes do circuito internacional da world music.



Os Ojos de Brujo, uma das principais bandas embaixadores do novo flamenco, sobem ao palco do Med a 25 de Junho (5ª feira), naquela que será a primeira actuação do colectivo de Barcelona em terras lusas depois de integrarem o cartaz do Festival Sudoeste, em 2007, e em que a banda irá dar a conhecer “Aocaná”, o seu mais recente álbum, editado este ano.

(Mais informações em www.myspace.com/ojosdebrujo)



Os Bajofondo Tango Club estrearam-se no Med há dois anos, com um concerto que encerrou a 4ª edição do festival, a 1 de Julho de 2007. A performance do colectivo liderado por Gustavo Santaollalla encantou ao ritmo do tango electrónico, tanto que a organização abriu a excepção e voltou a convidar os Bajofondo para integrar o alinhamento deste ano. O “colectivo de compositores, cantores e artistas”, como se auto-intitula, apresentará “Mar Dulce”, o último trabalho (2007), numa actuação agendada para o primeiro dia do Med, 24 de Junho.

(Mais informações em www.myspace.com/bajofondomardulce)


Conhecida como A Diva Argentina, Mercedes Sosa é considerada uma das maiores vozes do mundo. De renome mundial, é reconhecida como a artista dos povos oprimidos. Com seis décadas de carreira e mais de quatro dezenas de álbuns editados, La Negra (como também é apelidada, fruto dos longos e lisos cabelos negros) interpreta um vasto repertório, tendo gravado temas em variadíssimos estilos e com dezenas de músicos de renome, como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez.

Considerada pelo jornal The Times como “uma das titãs da música da América Latina, pioneira da nova canção” (um movimento que combina melodias tradicionais, política e apontamentos de pop anglo-americano), Mercedes Sosa sobe ao palco do Med a 27 de Junho, para apresentar “Cantora”, o seu mais recente trabalho.

(Mais informações em www.myspace.com/mercedessosa)


Sobre o Med

Organizado e promovido pela Câmara Municipal de Loulé, o Festival Med, já na 6ª edição, é um evento de world music inspirado na cultura mediterrânica, que transforma o centro histórico de Loulé num desfile de manifestações culturais.

Decorada de cores quentes, Loulé oferece todos os anos, durante cinco dias, um alinhamento de experiências multifacetadas, onde a música dá o mote. Sendo este, assumidamente, um festival de world music, pelo palco MED já desfilaram nomes de peso do circuito internacional.

As artes plásticas, a gastronomia, o artesanato, o teatro e a animação de rua completam a oferta».

Mais informações, aqui.